Era uma vez na história

Inovações tecnológicas nos automóveis, só para citar, foram introduzidas ao longo de décadas, e isso despertou a atenção de todos para as vantagens de se adquirir um produto da Ford.
Neste item, vou citar quatro histórias reais envolvendo personagens famosos (alguns fora-da-lei) que se encantaram com carros fordistas ou protagonizaram eventos marcantes em que houve a participação de automóveis da marca do oval azul.

No dia 16 de abril de 1928, partiu do Rio de Janeiro a “Expedição Brasileira da Estrada Panamericana”. Comandava-a o então tenente do Exército Leônidas Borges de Oliveira. Seguiram sob suas ordens Francisco Lopes da Cruz, como observador, e Mário Fava, como mecânico.
Em dois automóveis Ford Modelo T (um de 1918 e outro de 1925), esses brasileiros tinham por missão descobrir, abrir e projetar a rota onde, futuramente, seria construída, em condições ideais, uma rodovia que interligasse as Três Américas.
A iniciativa extremamente arrojada logrou pleno êxito, constituindo-se em façanha poucas vezes registrada na história do automobilismo mundial. Durante 10 anos, a Expedição percorreu 28 mil quilômetros de estradas, picadas, caminhos, matagais e florestas de 17 países.
Em 1938, após enfrentarem uma infinidade de obstáculos, enfim chegaram aos Estados Unidos, onde visitaram várias cidades e encontraram-se com ninguém menos que o próprio Henry Ford, que, fascinado com a história, ofereceu uma boa quantia financeira pelos dois fordinhos. Mas os bravos brasileiros recusaram a oferta, e, dias depois desse inesquecível encontro, retornaram ao Brasil (de navio) com os dois Modelo T (o modelo de 1918 foi apelidade de Brasil, e o de 1925, de São Paulo).





Nos anos 30, podemos dizer seguramente que a coqueluche automotiva dos Estados Unidos eram os Ford com os poderosos e recém-construídos motores V8. Carros possantes, que rasgavam as ruas e rodovias da América.
Foi, também, a chamada “época de ouro” dos roubos a bancos, ilícito a que eram atraídos jovens que queriam se enriquecer às custas de uma vida perigosa do crime.
E foi em 1933 e 1934 que surgiu o famoso casal Bonnie Parker e Clyde Barrow, que espalharam uma onda de terror e de morte em vários Estados americanos com os assaltos a instituições bancárias. O carro que eles usavam em suas andanças no crime foi um Ford V8 1934, elogiado por Clyde como sendo “veloz, de motor possante e que empreendia uma incrível velocidade para fugir da polícia”. O bandido, um mês antes de ser morto, escreveu até uma carta direta a Henry Ford, elogiando o automóvel.
O casal foi morto em uma emboscada na cidade de Bienville Parish, no Estado de Lousiana, em 23 de maio de 1934,após uma das maiores caçadas humanas que os Estados Unidos tinham visto.O carro dele recebeu 167 tiros de metralhadoras, disparados por cinco policiais locais.
Réplica em resina (escala 1:18) do Ford V8 1934 usado pelo casal Bonnie e Clyde, nos anos 30; no dia da emboscada que vitimou o casal, o automóvel recebeu 167 tiros disparados por policiais do Estado da Louisiana
Uma foto original do carro no dia em que foi metralhado por policiais americanos
23 de maio de 1934: Bonnie Parker e Clyde Barrow são emboscados e mortos dentro do Ford V8 1934 (Foto: divulgação pelo Clube do Fordinho, SP)
Cópia da carta escrita por Clyde Barrow, em 1934, a Henry Ford, em que elogia o desempenho dos Fords com motor V8; esta cópia está no Museu Henry Ford, em Michigan (EUA)

Também foi nos anos 30 que outro famoso ladrão de bancos – John Dillinger – aterrorizou os Estados Unidos com sua gangue e desafiou o FBI, em suas espetaculares fugas. Para tanto, utilizou um Ford V8 1934, pertencente a uma xerife do Estado de Indiana, de cujas cadeias escapou inúmeras vezes.
Dillinger também foi emboscado e morto em 1934, ao sair de uma sessão de cinema, no centro de uma cidade em Indiana.
Réplica (escala em resina, 1:18) do Ford V8 1934 usado pelo também assaltante de bancos dos anos 30 John Dillinger, conhecido nos Estados Unidos por sua ousadia e violência
O carro pertencia à então xerife de Indiana Lilian Holley e serviu para uma espetacular fuga de Dillinger da cadeia local
Foto original da cadeia pública em Indiana (EUA), de onde Dillinger escapou no Ford V8 1934
Presidente John Fitzgerald Kennedy
Nenhum carro está tão gravado na memória dos americanos como a limusine Ford Lincoln Continental 1961, o automóvel em que foi assassinado o carismático presidente dos Estados Unidos John Fitzgerald Kennedy, em Dallas, Texas, em 22 de novembro de 1963.
A limusine Ford Lincoln conversível é, talvez, o carro mais inovador, caluniado, reconstruído, histórico, macabro, atemporal, patriótico, revisado, antiquado, o veículo mais visitado da história americana. Um ícone automotivo. Um artefato histórico.
Réplica do Ford Lincoln Limusine 1961 X-100 (escala 1:43); detalhe dos ocupantes: dois agentes federais no banco dianteiro, o então governador do Texas John Connaly e a mulher dele, no banco do meio, e o então presidente americano John Kennedy e a primeira-dama Jacqueline Kennedy, sentados no último banco do carro
Diorama da Praça Dealey, em Dallas, Texas (EUA), onde, em novembro de 1963, foi assassinado o presidente americano John Kennedy; detalhe do Ford Lincoln Limusine 1961 (escala 1:43), o X-100, na Rua Elm, no momento em que o estadista JFK levou o terceiro tiro - fatal - no crânio; ao fundo, o prédio do Depósito de Livros Escolares do Texas, onde, em uma janela do sexto andar, o ex-fuzileiro naval americano Lee Oswald disparou os três tiros contra o presidente Kennedy
Foi o próprio presidente Kennedy quem escolheu a limusine Ford Lincoln, um automóvel luxuoso e conversível; ele queria ser visto pelos eleitores texanos, e ganhar deles a simpatia; no momento do terceiro tiro disparado por Oswald, o carro estava a cerca de 80 metros do prédio
A construção do veículo presidencial conversível, do início ao fim, levou quatro anos entre conceber e construi-lo. Segundo documentos da Ford, designers e funcionários do Serviço Secreto iniciaram o projeto e desenhos em 1957. Na criação do carro, foram envolvidos muitos profissionais, entre eles, "mecânicos, moldadores, tapeceiros, cortadores de couro, pintores, ferramenteiros, joalheiros, eletricistas, funileiros, estilistas, engenheiros e muitos outros". Assim o veículo começou a ser construído em 3 de março de 1961 na planta de Wixom, Michigan.
As mãos que construíram o Lincoln Continental ao longo dos 4 anos e linha de montagem, foram as mesmas que alavancaram a eleição presidencial de Kennedy em 1960.
Quando o veículo foi concluído, foi cortado ao meio e alongado em 105 centímetros, que permitiram adicionar mais 2 assentos para convidados, além do teto haver sido levantado mais 8 centímetros, para que fosse permitido o uso de cartolas. Inclusive adicionaram uma transmissão que pudesse sustentar o ritmo de desfiles ou rodar centenas de quilômetros. Também foi adicionado uma alavanca que subia a altura do banco traseiro, permitindo que o presidente fosse facilmente visto pelos espectadores.
Pouco tempo depois que o carro entrou na garagem da Casa Branca em 14 de Junho de 1961, Kennedy deixou uma ordem permanente que o teto do Lincoln tinha que ficar aberto, tanto tempo quanto o tempo assim permitir,essa ordem foi reiterada durante uma viagem para Tampa, na Flórida, quatro dias antes do assassinato.
Dados técnicos do Ford Lincoln Continental Limusine presidencial X-100:
- Comprimento: 6,47m;
- Largura: 1,98m;
- Altura: 1,36m;
- Entre-eixos: 3,96m;
- Peso: 2,38 toneladas;
- Motor V-8 de 7,6 litros (350 cavalos de potência; 0 a 96km/h em 11 segundos);
- Velocidade máxima: 185km/h;
- Capacidade para bagagem: 439 litros;
- Câmbio automático de três marchas

No momento dos três disparos, o presidente JFK estava sentado à direita, no banco traseiro; o terceiro tiro, executado às 12h30, foi o fatal
Detalhe da rota da comitiva presidencial, no dia 22 de novembro de 1963; o comboio incluía 12 automóveis e motocicletas de policiais de Dallas
Algumas pancadas de chuva limparam o tempo na área Dallas no meio da manhã de 22 de novembro de 1963, e os agentes do Serviço Secreto tomaram a decisão de deixar o teto da limusine aberto na carreata programada de 45 minutos entre o campo de “Love Field” até “Trade Mart”, onde Kennedy ia discursar aos empresários locais.
A limusine tinha o codinome de X-100, conforme designado pelo Serviço Secreto, viajou a bordo de um avião C-130 de transporte militar a partir de Houston, onde Kennedy foi na tarde anterior. Às 11h40, o Air Force One chegou com o presidente e sua comitiva depois de um curto voo da Base da Força Aérea Carswell, em Fort Worth.
Antes de ir ao Texas, JFK foi aconselhado pelo então vice-presidente Sr. Lyndon Johnson, para não visitar Dallas, por ser muito perigoso, e que as donas de casa iam cuspir na cara dele. Quinze minutos depois, de haver deixado o campo de Love Field, no meio da carreata, poucos segundos antes de ser assassinado, ele ouviu as suas últimas palavras da Sra. Nellie Connaly, esposa do governador do Texas John Connally: "Sr. Presidente, não se pode dizer que Dallas não o ama".
A carreata incluiu 12 carros e pelo menos 15 motocicletas do Departamento de Polícia de Dallas. O agente do Serviço Secreto Bill Greer levou o “X-100”, em direção ao oeste, ao longo da “Main Street”, ao norte em Houston Street e depois, às 12h30, à esquerda na Elm. Eles estavam a apenas cinco minutos do “Trade Mart”, quando a cerca de 80 metros do prédio do Depósito de Livros Escolares do Texas, no centro de Dallas, o presidente JFK foi assassinado com três tiros de fuzil, disparados, segundo os investigadores do caso, pelo ex-fuzileiro naval Lee Oswald.
O presidente Kennedy foi levado ao “Parkland Hospital”, em frenéticos 5 minutos, após o tiroteio;, a limusine recebeu uma escolta policial para Love Field, onde já a bordo do C-130, foii levada para a Base da Força Aérea Andrews. Após a chegada, o carro foi levado para a garagem do Serviço Secreto em Washington, DC.
Os investigadores passaram um mês com a Limusine Lincoln Continental, buscando por fragmentos de bala e limpeza geral. Como o governo federal dos Estados Unidos da América não tinha outra limusine presidencial, e construir outra poderia levar anos, então foi assim que reconstruíram a que tinham em mãos. Agentes do Serviço Secreto enviaram o carro de volta para Hess & Eisenhardt, em Cincinnati, onde os engenheiros envolveram o carro numa armadura com um revestimento de titânio e construiram o teto à prova de balas. Voltou ao serviço em maio de 1964, O Lincoln Continental 1961 serviu a cinco dos presidentes do país (além de JFK, Lindon Johnson, Nixon, Ford e Carter), portanto esteve por 16 anos na garagem da Casa Branca. Esse veículo fez sua última viagem a Londres e Newcastle com o presidente Carter em maio de 1977. O carro foi devolvido à Ford, pois o governo federal pagava o aluguel de US$500 por ano.
Seja como for, acidental ou não, a morte de John Kennedy está entre aquelas que abalaram o mundo. E pelo visto nunca se saberá efetivamente o que aconteceu naquele dia 22 de novembro de 1963, em Dallas. Cada um que fique com a sua conclusão.
A Comissão Warren concluiu em 1964 que Oswald agiu sozinho.
Outros feridos
O então governador do Texas John Bowden Connally Sr ia no mesmo veículo à frente do presidente e também foi gravemente ferido mas sobreviveu. A sua ferida ocorreu quase em simultâneo com o primeiro disparo que atingiu Kennedy (teoricamente como resultado da mesma bala, pelo que esta é conhecida como a "teoria da bala mágica", emanada pela Comissão Warren, embora isto não seja geralmente admitido sem polêmica). Supostamente, a ação da sua esposa de se dirigir para ele e fazê-lo cair sobre as suas pernas ajudou a salvar a sua vida dado que evitou em grande parte o pneumotórax. James Tague, um espectador e testemunha do crime, também ficou com uma pequena ferida na parte direita da face. Estava situado 82 m à frente do local onde Kennedy foi atingido.
As características especiais do Ford Lincoln Continental Limusine 1961 limousine incluíram:
• Aço removível e plástico transparente painéis de telhado;
• Banco traseiro hidráulico que pode ser levantada 10,5 polegadas para elevar o presidente;
• Aquecimento e ar condicionado sistema maciço com ventiladores auxiliares e dois painéis de controle;
• Azul escuro broadcloth vestes voltas com forro de pelúcia cinza e selos presidenciais bordadas à mão nos bolsos das portas especiais;
• Quatro degraus retrácteis para os agentes do Serviço Secreto;
• Dois passos no para-choque traseiro para agentes adicionais;
• Luzes vermelhas piscando, sirene;
• Azul Mouton tapete na parte traseira;
• Luzes indicadoras quando a porta estava entreaberta ou passos para fora;
• Dois mastros, dois refletores;
• Assentos de salto de apoio para passageiros extra;
• Dois telefones de rádio;
• Holofotes Interior
Textos: JL Cantanhêde, Wikipedia, Jornal Daily News (EUA), Benson Ford Centro de Pesquisa, Blog "Devagar Se Vai Mais Longe"